Na manhã desta quinta-feira, 22 de julho, Patrícia Poeta dividiu opiniões na web e trouxe à tona uma nova onda de discussões sobre o que se configura como apropriação cultural, quando determinado indivíduo ou grupo privilegiado socialmente usufrui de um traço cultural de outros povos que, pela mesma manifestação, são oprimidos e estigmatizados.
Durante o programa “Encontro”, o qual Patrícia substituiu Fátima Bernardes na manhã desta quinta-feira, a apresentadora vestiu um kimono, famosa peça do vestuário japonês e que carrega consigo muito da história de povos ocidentais. A ideia era celebrar a cultura do Japão, já que o país está sendo a casa das Olimpíadas de Tóquio 2020.
Porém, na internet, alguns usuários encararam o gesto como uma apropriação cultural e escreveram duras críticas contra a jornalista. Enquanto isso, outros a defenderam e alegaram que a maioria dos seguidores que estavam acusando Patrícia ao menos sabiam o que significava um ato de apropriação cultural.
ANA MARIA BRAGA TAMBÉM JÁ SE VIU EM MEIO A POLÊMICAS DO TIPO
Ana Maria Braga, famosa por suas mudanças de visual, já se envolveu em diversas de questões de apropriação cultural. Ao surgir de dreads, a loira foi criticada por utilizar um estilo proveniente da cultura negra, muitas vezes rechaçado e alvo de preconceito quando usado por mulheres e homens pretos.
Em outro caso mais recente, a apresentadora foi acusada de apropriação cultural e xenefobia ao imitar o sotaque de pessoas asiáticas, semicerrando os olhos para figurar características físicas de pessoas asiáticas. Ana foi duramente criticada na internet.
MAS AFINAL, O QUE É APROPRIAÇÃO CULTURAL?
Em termos mais gerais, se configura como apropriação cultural o ato de aderir a valores e elementos de uma cultura da qual você não faz parte. Porém, o assunto se estende um pouco mais: o problema se torna ainda mais complexo quando determinado grupo da sociedade que usufrui de privilégios utiliza traços culturais de outras etnias que são marginalizadas pelos mesmos traços que agora são considerados “estéticos” para outros indivíduos (em sua maioria, pessoas brancas).
Por exemplo: cabelos trançados em mulheres e homens negros muitas vezes resultam em comentários racistas, atrelando o estilo e penteado a algo “sujo” e “desleixado”. Já em mulheres e homens brancos, é visto como algo “cool”, estiloso e moderno. Sem falar que, muitas vezes, algumas coisas não se tratam apenas sobre moda e estética: determinadas roupas, manifestações artísticas e estilos representam histórias de luta e resistência de povos que foram oprimidos e sofrem com as consequências destes fatos até hoje, uma vez que os mesmos sistemas de exclusão continuam sendo mantidos socialmente.