Na noite deste domingo, 12 de dezembro, uma longa reportagem do “Fantástico” denunciou a violência de Bolsonaro e sua equipe de segurança contra jornalistas que acompanham a agenda do Presidente da República. Quando ele chegou ao Sul da Bahia para acompanhar os desastres causados pelas chuvas no estado, seus seguranças usaram violência bruta e desumana contra equipes da Globo e do SBT. Mais especificamente da TV Bahia (filial da Globo) e TV Aratu (filial do SBT).

Maju Coutinho e Poliana Abritta leram um longo texto a respeito dos golpes que partiram dos seguranças e de como eles quebraram os instrumentos de trabalho das equipes de imprensa. Isso, porque eles acompanhavam uma viagem do Presidente que serviria exclusivamente para demonstrar como ele se solidarizou com as vítimas da tragédia.

Não é a primeira vez que jornalistas responsáveis por cobrir a rotina do Presidente da República, seja em Brasília ou em outros lugares do país, são agredidos. Tanto por seus seguranças quanto por apoiadores, é visível como determinados grupos podem se tornar violentos quando expostos a outros pontos de vista e opiniões contrárias. Vale lembrar que é função do jornalista garantir à população acesso a informação, seja ela agradável ou não aos olhos de quem a assiste ou lê.

CONFIRA O EDITORAL DA TV GLOBO

Maju Coutinho começou a ler o texto, narrando as situações de violência que jornalistas já sofreram anteriormente. E das quais o Supremo Tribunal Federal já tomou ciência, mas ainda não se manifestou. O texto fez uma dura crítica ao órgão por ainda não ter manifestado apoio à imprensa livre e segura para exercer seu trabalho.

“O Supremo Tribunal Federal foi acionado em novembro pela Rede Sustentabilidade para proibir o presidente de Jair Bolsonaro de atacar ou incentivar ataques verbais ou físicos à imprensa e aos profissionais da área. O partido pede que o STF determine à Presidência da República que elabore e apresente um plano de segurança para garantir a integridade dos profissionais que acompanham a rotina do presidente”, afirmou a âncora.

Em seguida, ela ainda destacou que essa ação ocorreu durante ataques da equipe de Bolsonaro a jornalistas durante uma viagem do Presidente a Itália. Então, sua equipe já manifestou falta de respeito ou mesmo ética profissional com quem está fora de seu país exercendo seu trabalho.

“A ação foi apresentada após Bolsonaro tratar com hostilidade jornalistas brasileiros durante a viagem a Roma, na Itália. Seguranças que estavam perto do presidente agrediram quem tentou fazer perguntas. Entre eles, o repórter Leonardo Monteiro, da TV Globo. O ministro Dias Toffoli enviou a ação para ser julgada pelo plenário do STF”, lembrou.

Depois disso, Poliana Abritta começou a falar, lembrando que até a Advocacia-Geral da União se manifestou, pedindo rejeição das ações contra Bolsonaro. Ela trouxe a visão do governo a respeito dos atos de violência exacerbada dos seguranças contra a imprensa – de modo geral.

A Advocacia-Geral da União já se manifestou no processo e defendeu a rejeição da ação por questões processuais. O governo afirma que não é possível atribuir a autoridades episódios de hostilidade ou intimidações contra a imprensa. O governo diz ainda que a postura crítica de Bolsonaro à imprensa não ultrapassa os limites da liberdade de expressão. O STF ainda aguarda parecer da Procuradoria-Geral da República. O julgamento da ação ainda não tem data para ocorrer”.

Ficou nas mãos de Manu a responsabilidade por fazer oficialmente a cobrança ao STF: “As agressões deste domingo mostram que já passou da hora de a Procuradoria-Geral da República dar o seu parecer na ação que corre no Supremo, tendo como relator o ministro Dias Toffoli. A imprensa cumpre um direito escrito na Constituição, e deve ter a sua segurança garantida”.

A apresentadora seguiu: “As cenas bárbaras de hoje e aquelas ocorridas na Itália no dia 31 de outubro ensejam duas constatações. Se os seguranças agem por conta própria, a presidência deve ser responsabilizada por omissão. Se agem seguindo ordens superior a presidência deve ser responsabilizada por atentar contra a liberdade de imprensa e fomentar a violência contra jornalistas”.

Os apoiadores ‘fanáticos’ de Bolsonaro também viraram tema do editorial. Isso, porque a Globo mostrou que os fãs de Bolsonaro podem ser tão violentos quanto os próprios seguranças. Isso lembrou que uma equipe que acompanha o presidente deveria ser tratada com o mínimo de profissionalismo.

Além disso, é escandalosa a atitude da presidência de deixar jornalistas à própria sorte em meio a apoiadores fanáticos, que são insuflados quase diariamente pelo próprio presidente em sua retórica contra o trabalho da imprensa. Frente aos evidentes e graves riscos enfrentados por repórteres de todos os veículos, é urgente que o Judiciário se pronuncie”

Por fim, a emissora deixou claro seu posicionamento. “A Globo repudia as agressões aos repórteres Camila Marinho e Cleriston Santana, da TV Bahia, e aos repórteres Xico Lopes e Dario Cerqueira, da TV Aratu, e se solidariza com eles”, finalizou Poliana.