Lula e Arthur Lira se reúnem no Palácio da Alvorada, em meio a tensão entre governo e Congresso
Presidente da Câmara mandou recados de insatisfação ao governo em discurso de abertura do ano Legislativo. Na quinta (8), Lula disse que conversaria com Lira 'em breve'.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) se reuniram na manhã desta sexta-feira (9), no Palácio da Alvorada, em Brasília. A informação foi confirmada pela GloboNews.
O encontro entre os dois ocorrem em meio ao acirramento de tensões entre o Planalto e a Câmara, após o discurso de Lira na abertura do ano legislativo.
À ocasião, em recado ao governo, o presidente da Câmara disse que o Orçamento é de todos os brasileiros, não só do Executivo, e não pode ficar engessado por "burocracia técnica" e por quem não foi eleito.
Lira também disse que os parlamentares "não foram eleitos para serem carimbadores" das propostas do Executivo, e que o Orçamento da União deve ser construído em contribuição com o Legislativo.
A crítica ocorreu em meio a um embate entre Executivo e Congresso em relação às emendas parlamentares.
O governo federal vetou, tanto na Lei de Diretrizes Orçamentárias quanto no Orçamento, trechos aprovados por parlamentares que ampliariam os recursos destinados pelo Congresso a suas bases eleitorais, além de acelerarem o pagamento por parte do Executivo.
Entre eles, um calendário de pagamento das emendas impositivas (aquelas que o Executivo é obrigado a pagar ao longo do ano) e R$ 5 bilhões a mais nas emendas indicadas por comissões do Congresso.
Na quinta-feira (9), o presidente Lula comentou as críticas de Lira. Em entrevista a uma rádio mineira, disse que "não é momento de discurso duro", mas que o governo tem que cumprir os acordos feitos com os parlamentares, uma das reclamações do presidente da Câmara.
"Eu devo conversar com o presidente Lira por esses dias e ver o que é que está acontecendo. Estamos chegando no Carnaval, não é momento de discurso duro. Momento de alegria, momento de a gente relaxar um pouco, dançar, gastar um pouco de energia e voltar mais calmo depois do Carnaval. É isso que eu espero, sabe, de mim, do Lira, Pacheco, da classe política", disse.
"O que que eu acho que o Lira pode ter razão. Se o governo fez acordo dentro do Congresso Nacional ou através do nosso ministro de Relações Institucionais [Alexandre Padilha], ou do ministro da Fazenda [Fernando Haddad], fez algum acordo, a gente tem que cumprir. Quando você não cumpre o acordo feito, o resultado é que vai ficar mais caro. Isso eu aprendi há muito tempo", afirmou.