ES ocupa o segundo lugar em casos de tuberculose no Sudeste
Ao longo de 2023, o Espírito Santo notificou 1.860 casos de tuberculose, ocasionando 122 mortes pela doença, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa). De acordo com o Ministério da Saúde, esses números colocam o estado como o segundo maior em incidência de tuberculose na região Sudeste (atrás somente do Rio de Janeiro) e em 12º no ranking nacional. Em todo o país, são notificados anualmente cerca de 80 mil casos da doença.
Os dados têm gerado preocupação entre os pesquisadores do Laboratório de Pesquisa em Epidemiologia (LabEpi/Ufes). Para a professora do Departamento de Enfermagem (DE) e coordenadora do LabEpi, Carolina Sales, os números mostram que o estado precisa aperfeiçoar o controle da tuberculose: “Isso é importante para diminuir a incidência da doença, acompanhar os casos a fim de garantir o tratamento completo e atingirmos as metas de eliminação até 2030 no Brasil”.
Segundo pesquisas, até a pandemia de covid-19, a tuberculose era a segunda maior causa de morte por um único agente infeccioso, perdendo apenas para o HIV/Aids. “Em 2022, a tuberculose foi a segunda principal causa de morte no mundo por um único agente infeccioso, depois da covid-19”, lembra a enfermeira da Ufes e pesquisadora do LabEpi Geisa Fregona.
Naquele ano, quase 11 milhões de pessoas em todo o mundo adoeceram com tuberculose, doença que causou a morte de 1,3 milhão de indivíduos. O maior número de casos foi registrado em homens adultos, seguido de mulheres e crianças com menos de 15 anos. Porém, Fregona ressalta que a doença pode afetar quaisquer pessoas, independentemente de sexo ou idade.
Sintomas e tratamento
A tuberculose é uma doença bacteriana causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch, transmitida de pessoa para pessoa (principalmente por via aérea) por meio de tosse, fala ou espirro do indivíduo com a doença nos pulmões. Fregona explica que, embora possa ocorrer em qualquer parte do corpo, o acometimento pulmonar é a forma mais frequente da doença, que tem como principais sintomas tosse por mais de três semanas, febre baixa (geralmente no final da tarde), sudorese noturna e emagrecimento.
Tanto o diagnóstico quanto o tratamento e o acompanhamento dos casos estão disponíveis em todo o Brasil por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). “O tratamento é seguro e eficaz. Em geral, requer seis meses de uso de medicamentos específicos, além de acompanhamento rigoroso por parte das autoridades sanitárias”, explica a enfermeira.
Diagnóstico
Sales ressalta que o paciente que apresentar os sintomas de tuberculose deve buscar diagnóstico na unidade de saúde mais próxima o quanto antes: “É importante identificar a doença o mais precocemente possível para evitar a transmissão e, após o diagnóstico, é necessário realizar o tratamento completo. A tuberculose tem cura, mas ainda gera consequências devastadoras para a população acometida, incluindo a morte”.
Fregona destaca que, além do diagnóstico e tratamento precoces, também faz parte das medidas protetivas a identificação de indivíduos com maior potencial de adoecimento e a aplicação da vacina BCG (sigla para Bacilo de Calmette e Guérin) nos recém-nascidos, o que, segundo ela, impede formas graves da doença na infância, como meningite por tuberculose.
Determinação social
Embora a chance de cura (com tratamento adequado) seja superior a 95%, as pesquisadoras pontuam que a proporção de pacientes que concluem e alcançam sucesso no tratamento no Brasil está abaixo do que é preconizado pelo Ministério da Saúde: 85%. “Sob esse aspecto, os serviços de saúde têm se esforçado ao máximo para melhorar a adesão dos pacientes ao tratamento”, ressalta Fregona.