Brasil teme novas sanções contra Venezuela após Estados Unidos reconhecerem vitória da oposição
O governo brasileiro teme que sejam adotadas novas sanções econômicas contra a Venezuela depois de os Estados Unidos reconhecerem como vitorioso o candidato da oposição, González Urrutia (leia mais abaixo).
Se isso acontecer, a crise econômica e social na Venezuela vai se agravar, aumentando a entrada de venezuelanos no Brasil e em países da América do Sul.
A nota dura do Departamento de Estado dos EUA surpreendeu o Palácio do Planalto, na noite desta quinta-feira (1º). Não pelo tom, mas pela rapidez.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já esperava que a Casa Branca traria, em alguns dias, uma posição mais dura.
No entanto, esperava que, pelo menos, aguardasse uma posição resolutiva do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) sobre a divulgação das atas das urnas da eleição do último domingo (28).
O porta-voz do governo norte-americano chegou a dizer na quarta-feira (31) que a paciência estava acabando.
Agora, o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, traz um ponto mais enfático, e faz uma declaração reconhecendo como vitorioso Edmundo González, com base em dados contabilizados pela oposição venezuelana.
Internamente, o Brasil teme que o próximo passo dos Estados Unidos seja um aumento das sanções.
Em nota conjunta, Brasil, Colômbia e México pedem divulgação de atas na Venezuela e solução pelas 'vias institucionais'
Maduro diz ter prendido 1.200 pessoas após protestos e que as enviará para prisões de segurança máxima
Poder, dinheiro e medo: como Maduro mantém apoio de militares na Venezuela
Visão da diplomacia
Tradicionalmente, a diplomacia brasileira é contra sanções, e somente encampa aquelas que são aprovadas pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unida (ONU).
O governo brasileiro ainda espera convencer o presidente americano Joe Biden a não adotar novas sanções, porque isso jogaria ainda mais a Venezuela nas mãos de Rússia e China, o que não interessa também aos Estados Unidos.
A expectativa, agora, fica por conta do tom que Lula adotará quando falar com Nicolás Maduro.
O presidente venezuelano pediu um contato com Lula, que ainda não tem data pra acontecer.
Nos bastidores, a equipe de Lula já não acredita mais na divulgação das atas eleitorais, o que dificulta a posição do Brasil. E, por isso, motiva uma demora em fazer a conversa com o venezuelano.