Lula só deverá falar com Maduro se Petro e Obrador participarem da ligação
Presidente manifestou a intenção durante reunião ministerial nesta quinta. Obrador, presidente do México, e Petro (Colômbia) têm participado de conversas com o Brasil sobre crise na eleição venezuelana.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse a ministros nesta quinta-feira (8) que só falará com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, com a presença dos presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, López Obrador, na ligação.
O Brasil e os dois países lançaram uma nota pedindo que o órgão responsável por organizar as eleições venezuelanas divulguem as atas eleitorais.
De acordo com o que Lula disse aos ministros, a conversa dos três presidentes com Maduro pode ocorrer na segunda-feira (12), mas ainda depende de confirmação oficial.
A fala de Lula aconteceu durante uma reunião ministerial que durou cerca de sete horas durante esta quinta-feira (8), no Palácio do Planalto.
Após a reunião, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que a Venezuela deve apresentar provas de que as eleições foram legítimas e que, se houver "problema" nos documentos, deverá ser buscada uma "solução" para o impasse na eleição presidencial daquele país.
O ministro ressaltou também que o Brasil vai se manter no papel de mediador na crise eleitoral no país vizinho.
Costa falou com a imprensa após uma reunião ministerial entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua equipe de ministros. A reunião começou pela manhã e terminou no fim da tarde. Diversos temas de interesse do governo foram tratados, segundo o ministro da Casa Civil.
Lula e o Brasil vêm sendo pressionados, dentro e fora do país, a não condescenderem com supressão da democracia na Venezuela. A eleição do domingo (28), que reelegeu o presidente Nicolás Maduro, é considerada fraudada pela oposição e alguns países da comunidade internacional.
As atas eleitorais — espécies de boletins das urnas — ainda não foram apresentadas pelas autoridades venezuelanas, o que joga ainda mais suspeita sobre o processo. A posição do Brasil vem sendo exigir a apresentação das atas, sem reconhecer nem rejeitar o resultado.
"Isso a carta assinada pelo Brasil diz, é que as autoridades responsáveis pela eleição apresentem as atas de votação, por seção, detalhadas, que o mundo inteiro possa olhar e, ou confirmar o resultado da eleição, ou dizer 'Ó, tem problemas' e buscar, se tiver problemas, uma solução para isso. Então, o Brasil quer ser parte da solução. É isso que está sendo conduzido. Nós próximos dias o MRE vai atuar no sentido de o presidente da República de buscar junto à Venezuela a solução disso", afirmou o ministro.
O ministro disse que o Brasil vai manter a posição de mediador da crise no país vizinho e está compromissado com soluções pacíficas para a Venezuela.
"Então, o Brasil quer continuar, vai insistir no papel de mediador junto com outros países da América e agradeceu muito o apoio da União Europeia no documento que referenda a posição que o Brasil tem no sentido de buscar uma solução pacífica, uma solução que possibilite ao povo da Venezuela retomar a paz, o emprego a renda e a melhoria de vida das pessoas", continuou.