Novo laudo aponta que médica morta em hotel de Colatina sofreu traumatismo na cabeça

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), protocolou no Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) um laudo complementar ao recurso já apresentado à Corte, no caso em que o ex-prefeito de Catuji (MG), Fuvio Luziano Serafim, de 44 anos, foi acusado da morte da esposa Juliana Ruas El-Aouar. O fato ocorreu em um hotel de Colatina, no dia 2 de setembro de 2023. Segundo o MPES, o novo laudo contradiz a versão apresentada pelo réu.

O documento, solicitado à perícia pela Promotora de Justiça Rachel Mergulhão Tannenbaum, que atua no caso, aponta que a vítima teria sofrido traumatismo na cabeça ainda em vida e que veio a falecer entre 4h e 8h da manhã, ou seja, pelo menos uma hora antes de o ex-marido acionar o serviço médico de urgência.

De acordo com órgão, conforme mostraram as câmeras de segurança do hotel, o ex-prefeito saiu do quarto em que estava com a vítima, por volta de 8h17, e pediu ajuda para socorrer a esposa ao motorista do casal, que se hospedava em outro quarto do hotel. Entretanto, somente às 9h17 o ex-prefeito ligou para o SAMU, que chegou ao local minutos depois e constatou o óbito.

Ainda conforme o laudo técnico, as causas da morte da vítima foram broncoaspiração e asfixia. O documento afirma que as causas foram decorrentes de intoxicação por morfina (e sinergia entre fármacos sedativos) e edema cerebral, resultado de traumatismo cranioencefálico, ocasionado quando a vítima ainda estava viva, o que foi possível constatar pelo extravasamento de sangue no local.

Recurso e Provas

No início de agosto, o MPES apresentou recurso contra a decisão da 1ª Vara Criminal de Colatina de impronúncia do réu e requereu ao TJES que ele seja pronunciado nos exatos termos da denúncia e submetido a julgamento perante o Tribunal do Júri, pelo crime de feminicídio.

Na denúncia constavam laudos anteriores do processo, que contestam a versão do réu e apontam a participação do ex-prefeito na morte da esposa.

“Os documentos apontam que a vítima sofreu traumatismos cranianos causados por ação contundente de alta energia, indício que não decorreu da própria queda, e que mais de um dos traumatismos sofridos não foi gerado com impacto único. O laudo toxicológico do réu demonstrou, ainda, que ele não usou medicamento para dormir, como dito por ele, refutando mais uma de suas alegações”, destaca o MPES.

Além dos laudos, o MPES afirma que as diversas provas apresentadas, como imagens das câmeras do hotel e depoimentos, “ressaltam a indiferença do réu com a vítima”.

O órgão destaca ainda que os “depoimentos indicam que o ex-prefeito era responsável por obter e transportar as drogas que utilizou com a esposa. Ele adquiria os medicamentos por meio dos receituários assinados pela ela, no nome dele. O recurso também destaca que o ex-prefeito fez uma compra de drogas no valor de R$ 16 mil dias antes dos fatos”.

A defesa de Fuvio alega que já foi comprovado que o ex-prefeito não matou a esposa. Segundo o advogado do homem, a defesa só vai se manifestar  no processo.